Por Larissa Alberti
A presença de profissionais capacitados nas principais áreas de produção do país, como construção civil, automação, alimentos e bebidas, eletroeletrônica, energia e têxtil, é fundamental para que o país cresça economicamente. Trabalhadores qualificados para exercerem suas atividades implicam em melhores resultados. Por isso, para que o país possa atingir as metas econômicas estabelecidas pelo governo, deve-se investir na educação profissional.
Com isso, a demanda por profissionais técnicos, ou seja, especializados em uma determinada área, tem sido cada vez maior, o que implica diretamente no crescimento da oferta de cursos técnicos. O sistema federal de ensino, por exemplo, teve aumento considerável na oferta desse tipo de curso: em 2002, havia 140 estabelecimentos de ensino; atualmente são 366 e estima-se que em 2014 o número aumente para 486 instituições que ofertam cursos nessa modalidade.
Além da possibilidade de contratação imediata, alunos de cursos técnicos possuem vantagens relevantes, comparados aos cursos de graduação, como mensalidades mais acessíveis, conclusão do curso em menor espaço de tempo (geralmente dois anos), rápido retorno do investimento e salários atrativos. Segundo uma pesquisa realizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem (Senai) entre março de 2011 e abril deste ano, foram gerados 1,04 milhão de postos de trabalhos para profissionais técnicos. O levantamento, feito em 17 estados e no Distrito Federal, também apontou que a remuneração média de admissão dos trabalhadores técnicos das atividades mais demandadas pela indústria é R$ 2.085,57, valor superior aos salários de muitos trabalhadores com ensino superior completo.
Os profissionais técnicos mais buscados em São Paulo são projetistas e técnicos em manutenção, com vencimentos iniciais brutos de R$ 4,1 mil e R$ 3,5 mil, respectivamente. Já no Rio de Janeiro, técnicos em mineração e técnicos em mecatrônica possuem a maior remuneração: R$ 8,6 mil e R$ 4 mil. Em Minas Gerais, técnicos em mineração e em petróleo e gás recebem salários iniciais de R$ 4 mil. Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Educação (MEC), de 2009 a 2011, apontou que as matrículas em cursos técnicos cresceram mais de 12%, pulando de 537,6 mil para 669,7 mil estudantes. A pesquisa do MEC apontou, ainda, que no mesmo período as matrículas nos cursos online cresceram 162,19%, registrando 75.364 mil alunos em 2011, enquanto em 2009, eram apenas pouco mais de 19 mil estudantes na modalidade. A expectativa é que o Brasil precise de 7,2 milhões de trabalhadores técnicos até 2015.
A crescente demanda por cursos técnicos implica diretamente na necessidade de profissionais especializados para atuar na área, como professores, gestores, orientadores, coordenadores, assessores, secretários escolares e laboratoristas. Esses profissionais precisam estar preparados para participar de forma efetiva dos novos caminhos a serem trilhados com capacidade técnica e com compromisso social. Por isso, cursos de especialização em docência na educação profissional de nível técnico são fundamentais para a compreensão dos fundamentos e das especificidades dessa modalidade de ensino.
Cadê os técnicos?
ResponderExcluirSegundo pesquisa da Fundação Dom Cabral (www.fdc.org.br), estes profissionais são os mais raros no mercado brasileiro. Para suprir a demanda, as opções de cursos aumentam a cada dia.
Segundo prof. Paulo Resende, “Estamos passando pela consequência de uma situação que aconteceu muito na década de 1980 no Brasil. Criamos uma cultura de que a falta do diploma universitário significava muita dificuldade de colocação no mercado”, afirma após concluir seu estudo sobre a carência de profissionais no Brasil, no segundo semestre de 2011.
Nessa época (1980), a situação econômica do país era ruim. Com o aquecimento da economia nos anos 2000, as empresas começaram a crescer e a precisar mais de profissionais no nível técnico. Mas aí, porém, o país já havia passado, segundo Rezende, por um processo de desvalorização da formação de técnicos. “O Brasil perdeu capacidade de formação de técnicos justamente por causa de uma cultura de formação de graduados”, aponta. A partir do diálogo que manteve com os empresários durante a pesquisa, ele acredita que o momento é de pensar na quantidade da oferta.
Segundo Zuleica Ferreira, responsável pelo Pronatec (http://pronatec.mec.gov.br/) no Senai-DF, os 30 cursos de nível técnico ministrados pela instituição proporcionam acesso rápido ao mercado de trabalho. “A vantagem é que eles estão alinhados às demandas da economia do DF. Os jovens e adultos podem entrar logo nas empresas, uma vez que a necessidade de mão de obra qualificada é crescente.”
Entretanto, o professor PhD em educação João Batista Oliveira acredita que o programa criado pelo governo federal é apenas um paliativo para a falta de técnicos. “O Pronatec não cuida do que precisamos: fortalecer uma política permanente de formação de mão de obra. Isso se faz com instituições, com programas regulares de formação profissional, de ensino médio profissional”, afirma João, que preside o Instituto Alfa e Beto (IAB), ONG criada para disseminar e promover políticas e práticas de educação.
Mais 40 mil vagas
Com a proximidade de grandes eventos no país, como a Copa do Mundo de futebol, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016, profissionais de nível técnico serão ainda mais procurados. Na última segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff anunciou a criação de 40 mil vagas em cursos para áreas ligadas ao turismo pelo Pronatec, justamente para suprir essa demanda.
Texto adaptado de:
http://noticias.admite-se.com.br/empregos_nacional/template_interna_noticias,id_noticias=47861&id_sessoes=301/template_interna_noticias.shtml