De acordo com o escritor e conferencista Robert Wong, autor de O Sucesso está no Equilíbrio(Ed. Campus), a vida profissional passa por cinco fases distintas: Emprego –> Profissão -> Carreira -> Vocação -> Missão. É o que ele chama de Pirâmide de Realização no Trabalho ao estabelecer um paralelo com a Pirâmide da Hierarquia das Necessidades de Maslow, o psicólogo nova-iorquino que mapeou as necessidades humanas.
Isso significa que, num intervalo de 30 a 40 anos, a vida profissional pode oscilar em diferentes fases até que a pessoa encontre definitivamente a sua verdadeira missão, o que não é tão simples e vale a pena explorar um pouco mais, afinal, a escada corporativa é composta de inúmeros degraus e subi-la por inteiro requer habilidades que vão muito além do diploma e da experiência.
Durante os primeiros anos da vida profissional, ainda que você tenha cursado algo que nada tem a ver com a sua vocação, o que você realmente deseja é encontrar um bom emprego e esse é o caminho natural. Depois de um tempo você se questiona se bons empregos existem, porém, nessa fase, o importante é conseguir uma oportunidade para mostrar o potencial e tentar a tão sonhada independência financeira que o livrará, por ora, das amarras familiares, ou seja, das garras do pai e da mãe.
Num segundo momento o emprego não é suficiente para aplacar o seu crescente desejo de realização e a sua ilimitada necessidade de recursos financeiros, portanto, a consciência passa a pressioná-lo por mais crescimento profissional – poder, dinheiro e status - e você faz de tudo para encontrar uma profissão digna, capaz de lhe proporcionar valor, identidade e, principalmente, uma vida mais confortável sob todos os aspectos.
Aos poucos você vai entendendo os meandros da vida corporativa, levando muitas marteladas na cabeça, afinando o jogo de cintura e, então, bem mais experiente, conclui que o investimento realizado na Faculdade foi insuficiente. Pois bem, é hora de partir para uma especialização ou, quem sabe, para um negócio por conta própria, portanto, sua profissão está em fase de desenvolvimento.
De fato, o reconhecimento das escolhas erradas, a automotivação e a predisposição para novos desafios são as melhores alternativas para livrá-lo do marasmo e da procrastinação além de injetar ânimo na profissão que você escolheu (ou seus pais escolheram por você), mas ainda não lhe proporcionou o devido respeito e o mínimo sentido de realização.
Como se trata de um processo longo de evolução, certamente chegará o dia em que você encontrará a profissão ideal, porém à medida que o tempo vai passando, as necessidades mudam e as prioridades também, portanto, está mais do que na hora de você abraçar uma carreira sólida. Sob perspectivas nem sempre animadoras, você se divide entre subir a escada corporativa, na mesma empresa, e a mudança de emprego, sob novas perspectivas, afinal, qualquer mudança tende a ser positiva.
Construir uma carreira leva a um novo processo de desgaste, pois a zona de conforto atingida em determinado momento da vida é uma das maiores tentações do ser humano. Leva tempo para você aceitar o fato de que aquele cargo, aquela empresa ou aquele salário não mais satisfazem suas necessidades de status e de realização, mas enquanto o dinheiro estiver pingando regularmente na sua conta bancária, de quinze em quinze dias, a mente tende acomodá-lo até que você seja realmente defenestrado da empresa.
Apesar de tudo, graças aos conselheiros invisíveis, aos investimentos em cursos de especialização, aos idiomas que você agregou na consciência e, principalmente, aos resultados que você proporcionou, sua carreira vai indo muito bem. Como todo profissional em ritmo de extrema competitividade, foi necessário deslocar alguns concorrentes diretos, agüentar humilhações constantes do chefe, trocar de emprego várias vezes e, por fim, abrir mão de alguns princípios universais para quebrar determinadas barreiras e ser reconhecido perante a alta direção e isso faz parte do aprendizado.
Num dia qualquer você acaba se arrependendo de ter utilizado certas ferramentas e de ter tomado algumas atitudes impensadas para crescer no mundo corporativo e então, de maneira consciente, tenta compensar a sociedade com trabalhos voluntários, doação de parte da fortuna, utilização de um discurso mais ameno e solidário na sociedade e, tão importante quanto, passa a tratar os amigos, a esposa, os filhos e netos de forma mais amigável.
Antes de sua carreira chegar ao fim talvez você realmente encontre a vocação, a quarta etapa da Pirâmide de Realização no Trabalho. Lamentavelmente, a maioria dos profissionais espera a aposentadoria para de dedicar àquilo que os levará a uma vida plena de realizações. Todapessoa tem sua própria vocação, dizia Emerson. O talento é a vocação. Ao encontrá-la, o pensamento se alinha com a sabedoria divina, a vida entra no eixo da prosperidade e o trabalho passa a ter mais dignidade e mais sentido de realização. E, segundo Albert Camus, o grande filósofo francês, “não existe dignidade quando seu trabalho não é aceito livremente”.
Haverá o dia em que você encontrará a sua verdadeira missão e esse é o grande desafio. Espero que você não leve mais do que dez ou vinte anos a fim de aproveitar ao máximo o que a vida lhe oferece. A missão pessoal é um projeto de vida, uma experiência enriquecedora que acompanha o ser humano durante a existência, uma causa nobre que serve de base para o desenvolvimento pessoal e profissional.
Quando falo em missão pessoal durante as minhas palestras, muitos me olham com cara de desdém e imagino que fiquem pensando: quanta bobagem! Contudo, a missão pessoal permite concentrar esforços numa única direção, amplia o sentido de vocação, realça os pontos fortes do ser humano e, principalmente, estimula o sentido de realização.
Agora você já sabe o que fazer. Cada fase da escada corporativa é um desafio altamente estimulante. Como diria Robert Wong, não importa em que posição da pirâmide você está tampouco se você esteve no topo e agora não está mais. É possível que durante a vida profissional você alterne várias vezes entre a base e topo da pirâmide, por inúmeras circunstâncias que nem sempre dependem do seu controle. O que importa é não perder de vista o topo e persegui-lo com todas as suas forças.
Por fim, lembre-se, quando você perde os documentos ou apenas a carteira de identidade, perde também a referência, o rumo e, temporariamente, a motivação. Para recuperá-los, a dor de cabeça é imensa. Com a missão pessoal não é diferente. Você demora a encontrá-la, mas quando a encontra não quer perdê-la nunca mais.
Pense nisso e seja feliz!
Por: Jeronimo Mendes
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