Com o termino da Segunda Guerra Mundial, o Japão era um país pobre, arruinado totalmente destruído. Dispunha apenas de um recurso, sua gente, sua poderosa força humana, que levantou a nação e a colocou no topo do mundo econômico. Havia um grupo de jovens empresário que queriam se dedicar à construção de uma nova nação. O mundo conhece as marcas destes empresários: Nikon, Sony, Toyota, Yamaha, Honda, entre outras, que se tornaram sinônimos ou benchmarking de qualidade.
O Japão perdeu a guerra militar, mas tem ganhado a guerra econômica de maneira absolutamente notável, a ponto de muitas nações e empresas ocidentais buscarem ansiosamente copiar o modelo japonês...Fatores quanto a evolução da Qualidade no Japão que de forma indireta influenciou muitos países:
● a contribuição dos experts americanos W. E. Deming e J. Juran;
● a criação e ação da Japanese Union of Scientist and Engineers (JUSE);
● a padronização ampla dos produtos;
● a ampla comunicação e educação pública;
Além dos fatores acima outros contribuíram:
● a liderança e direção centralizadas;
● envolvimento e comprometimento da alta administração empresarial;
● o desejo de elevar a qualidade à condição de tópico de importância nacional;
O Japão agregou valor ao conhecimento recebido do ocidente e desenvolveu as seguintes abordagens:
● a participação dos funcionários de todos os níveis da empresa.
● foco no cliente, com uma cuidadosa atenção à sua definição de qualidade.
● aprimoramento contínuo (kaizen) como parte do trabalho diário de todos os funcionários.
Pode-se sintetizar que o aconteceu no Japão foi um grande e envolvente movimento organizado, através de um processo amplo difundido nas empresas japonesas, cujas características fundamentais são as mesmas apresentadas na Era da Gestão da Qualidade Total (TQM- Total Quality Management).
A partir do esforço de reconstrução do pós-guerra, a indústria japonesa surpreende o ocidente, ganhando liderança em diversos setores, fortemente ligados a qualidade, que se torna estratégia nacional de sobrevivência e competitividade. Enquanto que antes da II - Guerra predominava a visão de que os produtos japoneses eram baratos e ruins, a partir da década de 60 o Japão passa a ser modelo em gerenciamento da qualidade. Surge no Japão alguns autores de impotência (Ishikawa, Kondo, Kusaba, Mizumo, etc.), que propõem distinções do enfoque ocidental, e batizam-no de Controle de Qualidade por Toda a Empresa (CWQC, sigla do inglês: Company Wide Quality Control, também conhecido no Brasil por CQAE - Controle de Qualidade Amplo Empresarial).
Observa-se que no Japão utiliza-se como sinônimos as siglas CWQC e TQC. Pode-se citar como importantes marcos deste desenvolvimento:
● criação em 1946 da JUSE (Japanese Union of Scientist and Engineers), entidade que se torna o centro de difusão das atividades de controle da qualidade no Japão.
● as visitas ao Japão de Deming, em 1950 e Juran, em 1954, a convite da JUSE, que proferiram palestras à alta administração das empresas sobre controle estatístico da qualidade e gerenciamento da qualidade, tendo grande impacto;
● a difusão em massa dos conceitos da qualidade, através de séries de rádio (1956 e 1962), televisão (1959) e textos vendidos em bancas de jornais;
● a criação dos CCQs (Círculo de Controle da Qualidade), que são conceituados como:
"Um pequeno grupo de trabalhadores, de uma mesma área, formado para desempenhar atividades de controle da qualidade. Este grupo procura continuamente o desenvolver suas habilidades e resolver os problemas relativos a qualidade no seu local de trabalho, através do uso de técnicas de CQ (controle da qualidade) e da participação de todos os membros." teve como importante instrumento de divulgação, a revista Gemba-to-QC (Controle da Qualidade para encarregados), lançada em 1962.
A partir da década de 60 tem grande difusão entre as empresas japonesas o CWQC, cujas principais características podem ser resumidas em seis itens:
● TQC na empresa inteira com participação dos empregados;
● ênfase no ensino e no treinamento;
● atividades dos Círculos de Controle da Qualidade (CCQ);
● auditorias de TQC, exemplificada pela auditoria do Prêmio Deming e pela auditoria do Presidente;
● aplicação de métodos estatísticos;
● promoção do TQC para a nação inteira.
JURAN enfatiza quatro estratégias como fundamentais na revolução japonesa da qualidade: duas já citadas (o treinamento em todos os níveis e a participação dos trabalhadores através do CCQ), sendo as demais:
● participação dos gerentes de alto nível, liderando pessoalmente a revolução;
● empreendimento do aperfeiçoamento da qualidade como um processo contínuo ("Kaizen").
O entendimento do CWQC se completa com mais alguns elementos, destacando-se:
● o envolvimento dos fornecedores no processo de Qualidade Total;
● a adoção de sistemas de produção Just-in-time, filosofia de gerenciamento integrada da produção, de altíssima produtividade e flexibilidade, cujo princípio básico é a alocação de recursos financeiros, materiais, equipamentos e de mão-de-obra somente na quantidade necessária e no tempo requerido para o trabalho em combinação com o TQC;
● garantia da qualidade centrada no desenvolvimento de novos produtos.
Adaptado de: "A Revolução Japonesa No Gerenciamento Da Qualidade", de Thiago Fernandes Oliveira de Lima
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