Pesquisar este blog

domingo, 29 de maio de 2011

Recall, a não Qualidade

Por: Carlos F.S. Lagarinhos    
Mais um “Recall” na indústria automobilística. A Qualidade deste setor é vista como exigente, como rigorosa em relação aos requisitos. Melhor até do que a qualidade da indústria aeroespacial que é muito focada em atender apenas a legislação aeronáutica e não muito a qualidade em relação aos “stakeholders” (funcionários, clientes, vizinhos, etc.).

A qualidade na automobilística tem diversas ferramentas, aplica o APQP (Planejamento Avançado da Qualidade do Produto), o PPAP (Processo de Aprovação de Peças de Reposição), mais conhecido como Ppap, tem uma seleção e avaliação de fornecedores exigente, etc.

Por que então vemos várias marcas envolvidas em “recalls”? Um veículo, Peugeot 304, simplesmente pode perder a iluminação instantaneamente gerando riscos na sua condução à noite.

Creio que a análise de riscos por componente, sistema, etc. ainda na fase do projeto esteja deficiente. É usada uma ferramenta importantíssima, o FMEA (Análise de Modo e Efeito de Falha) que identifica os riscos (efeito do problema, provável causa, probabilidade, severidade conseqüente, ações preventivas, etc.).

Esta ferramenta foca justamente se identificar os problemas ainda na fase do projeto. Estes “recalls” nos mostram provável FMEA deficiente. Se esta ferramenta for bem aplicada em todas as fases do projeto pelo processo de P[_e_]D (Projeto e Desenvolvimento) da empresa, os “recalls”, com certeza, serão menos necessários. “Recall” é custo de Não Qualidade, o problema ocorreu, não houve medidas de prevenção desde o projeto.

O que este componente pode provocar se ocorrer um defeito? Qual a probabilidade? Qual a severidade, ele é item de segurança? Como detectar o problema ainda na fase de produção do veículo? Se estas perguntas forem bem feitas item por item, não teremos clientes reclamando de defeito, a Qualidade da empresa vai ter de rastrear todos os componentes e veículos afetados, acionar um “recall”, etc.

A pressa de lançar o veículo para ganhar o mercado na frente do cliente talvez esteja fazendo com que o P[_e_]D da empresa corra em processos que não deveria e conseqüentemente compromete a imagem do produto, gera custos mais altos devido à Não Qualidade, etc. Vale aquele velho ditado; “a pressa é inimiga da perfeição” e a perfeição de cada tarefa, desde o projeto, produção, testes, inspeção, etc. é que leva a um produto vencedor.

A Produtividade nunca deve ser aumentada em detrimento da Qualidade e nem a Qualidade deve ser priorizada engessando os processos e prejudicando a Produtividade. Quando no processo de P[_e_]D os projetistas levam em conta todos estes detalhes (por isso existe o DFMEA voltado para projeto e o PFMEA para processo) em todos os processos que o produto vai percorrer, a Qualidade estará embutida e sem comprometer a Produtividade. O que adianta correr, aumentar a produtividade, se for necessário retrabalho, como um “recall” que, além dos custos, comprometerá a imagem do produto e da empresa.

fonte:http://www.qualidadebrasil.com.br/artigo/qualidade/recall_a_nao_qualidade

Nenhum comentário:

Postar um comentário