Em setembro de 2015 foi lançada a nova versão da ISO 9001, norma que determina requisitos para sistemas de gestão da qualidade.
Em
seu requisito 7.1.6, a norma enfatiza a importância da organização
determinar o conhecimento necessário para a operação de seus processos e
para alcançar a conformidade de produtos e serviços, bem como de
considerar seu conhecimento no momento de abordar necessidades e
tendências de mudanças.
Ocorre,
entretanto, que empresários, consultores e até mesmo auditores vem
abordando a questão em diferentes níveis, que vai desde o básico de
preservar o conhecimento em procedimentos e instruções de trabalho na
documentação do SGQ, até o extremo de quase estruturar um novo
departamento para gestão do conhecimento, ao nível Google (!?).
Claro,
a organização que puder aproveitar a oportunidade e tiver as condições
para abraçar tal empreitada, este é o momento, mas e as organizações de
pequeno e médio portes?
Sempre
defendi que o maior patrimônio de qualquer organização são as pessoas, e
o conhecimento que elas desenvolvem; Imagem, reputação, clientes,
retorno financeiro, tudo isso resulta de um bom equilíbrio na gestão de
pessoas e conhecimento. Mas plataformas digitais, equipes motivacionais,
analistas dedicados à gestão do conhecimento são realmente essenciais
para atender à este requisito da ISO 9001:2015?
Defendo que não!
Esta
nova versão da norma vem justamente resgatar o princípio prático de sua
aplicação, idealizado desde suas primeiras versões e bastante presente
nesta última em particular.
O
conhecimento organizacional à que se refere é o conhecimento específico
da organização, oriundo tanto das experiências coletivas como das
experiências individuais das pessoas da organização, nos seus diversos
níveis...
Por
exemplo, no nível estratégico, conhecimento organizacional pode ser
adquirido à partir da realização de benchmarking, observando as melhores
práticas em outras organizações de mesmo segmento e adaptando estas
informações à realidade da própria organização.
Já
no nível tático, a fim de preservar conhecimento podemos adotar a
prática de mentoreamento. Mas cuidado! O(a) mentor(a) e seu discípulo(a)
ou afilhado(a) devem compartilhar mais que uma simples situação de
instrução, característica de treinamentos comuns. Mentor(a) e
discípulo(a) desenvolvem mais do que uma relação de aprendizado, um
relacionamento de confiança.
Em
minhas diversas implementações e auditorias também vejo com certa
regularidade a prática do job rotation, principalmente no nível
operacional (fabril/serviços e administrativo), onde dentro de uma mesma
área os colaboradores aprendem as funções de seus colegas na prática,
sendo monitorados por eles durante o tempo de aprendizado.
Estas
são as três palavras que representam os principais pilares da gestão do
conhecimento, que atendem ao requisito da norma e que podem ser
implementadas de diversas maneiras, com diferentes níveis de
complexidade e necessidade de recursos, para organizações de todos os
tamanhos.
Para quê complicar se é a norma quem
deve trabalhar para nós,
e não o contrário!
Fábio Carvalho possui vivência de mais de dez anos implementando, coordenando e auditando Sistemas de Gestão da Qualidade e Ambiental.
A ISO 9001:2015 e o Conhecimento Organizacional de Fábio Carvalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
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