Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso, definido por Herbert J. Freudenberger como "(…) um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional".
Revista Viver Mente e Cérebro, edição 161, junho de 2006.
Descrição
A síndrome de Burnout (do inglês to burn out, queimar por completo), também chamada de Síndrome do esgotamento Profissional, foi assim denominada pelo psicanalista nova-iorquino Freudenberger, após constatá-la em si mesmo, no início dos anos 1970.
A dedicação exagerada à atividade profissional é uma característica marcante de Burnout,
mas não a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau
de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de
Burnout mede a autoestima pela capacidade de realização e sucesso
profissional. O que tem início com satisfação e prazer termina quando
esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio, a necessidade de se
afirmar e o desejo de realização profissional se transformam em
obstinação e compulsão; o paciente nesta busca sofre, além de problemas de ordem psicológica,
forte desgaste físico, gerando fadiga e exaustão. É uma patologia que
atinge membros da Área da Saúde, Segurança Pública, setor bancário,
Educação, Cartorários, Tecnologia da informação, Gerentes de Projetos, profissionais da saúde em geral, jornalistas, advogados, professores e até mesmo voluntários.
Estágios
São doze os estágios de Burnout:
- Necessidade de se afirmar ou provar ser sempre capaz
- Dedicação intensificada - com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho e a qualquer hora do dia (imediatismo);
- Descaso com as necessidades pessoais - comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;
- Recalque de conflitos - o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas;
- Reinterpretação dos valores - isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da autoestima é o trabalho;
- Negação de problemas - nessa fase os outros são completamente desvalorizados, tidos como incapazes ou com desempenho abaixo do seu. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;
- Recolhimento e aversão a reuniões (recusa à socialização);
- Mudanças evidentes de comportamento (dificuldade de aceitar certas brincadeiras com bom senso e bom humor);
- Despersonalização (evitar o diálogo e dar prioridade aos e-mails, mensagens, recados etc);
- Vazio interior e sensação de que tudo é complicado, difícil e desgastante;
- Depressão - marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido;
- E, finalmente, a síndrome do esgotamento profissional propriamente dita, que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e psicológica uma urgência.
Sintomas
Os sintomas são variados:
- fortes dores de cabeça,
- tonturas,
- tremores,
- muita falta de ar,
- oscilações de humor,
- distúrbios do sono,
- dificuldade de concentração, e
- problemas digestivos.
Segundo Dr. Jürgen
Staedt, diretor da clínica de psiquiatria e psicoterapia do complexo
hospitalar Vivantes, em Berlim,
parte dos pacientes que o procuram com depressão são diagnosticados com
a síndrome do esgotamento profissional. O professor de Psicologia do
comportamento Manfred Schedlowski, do Instituto Superior de Tecnologia de Zurique
(ETH), registra o crescimento de ocorrência de "Burnout" em ambientes
profissionais, apesar da dificuldade de diferenciar a síndrome de outros
males, pois ela se manifesta de forma muito variada: "Uma pessoa
apresenta dores estomacais crônicas, outra reage com sinais depressivos;
a terceira desenvolve um transtorno de ansiedade de forma explícita", e acrescenta que já foram descritos mais de 130 sintomas do esgotamento profissional.
Burnout é geralmente desenvolvida como resultado de um período
de esforço excessivo no trabalho com intervalos muito pequenos para
recuperação. Pesquisadores parecem discordar sobre a natureza desta
síndrome. Enquanto diversos estudiosos defendem que Burnout
refere-se exclusivamente a uma síndrome relacionada à exaustão e
ausência de personalização no trabalho, outros percebem-na como um caso
especial da depressão clínica mais geral ou apenas uma forma de fadiga
extrema (portanto omitindo o componente de despersonalização).
Trabalhadores da área de saúde são frequentemente propensos ao burnout. Os médicos parecem ter a proporção mais elevada de casos de burnout (de acordo com um estudo recente no Psychological Reports, nada menos que 40% dos médicos apresentavam altos níveis de burnout). Cordes e Doherty (1993),
em seu estudo sobre esses profissionais, encontraram que aqueles que
tem frequentes interações intensas ou emocionalmente carregadas com
outros estão mais suscetíveis.
Os estudantes são também propensos ao burnout nos anos finais da escolarização básica (ensino médio) e no ensino superior; curiosamente, este não é um tipo de burnout
relacionado com o trabalho, mas com o estudo intenso continuado com
privação do lazer, de atividades lúdicas, ou de outro equivalente de
fruição hedônica. Talvez isto seja melhor compreendido como uma forma de
depressão.
Os trabalhos com altos níveis de stress ou consumição podem ser mais propensos a causar burnout do que trabalhos em níveis normais de stress ou esforço. Alguns profissionais parecem ter mais tendência ao burnout do que outros:
- profissionais de TI,
- policiais,
- taxistas,
- bancários,
- controladores de tráfego aéreo,
- engenheiros,
- músicos,
- professores, e
- artistas.
Adaptado de:
Wikipedia
Revista Viver Mente e Cérebro, edição 161, junho de 2006
Acessado em: 29/07/2016, 10:00 - Horário de Brasília
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