Por JULIANNA ANTUNES
Com a presença confirmada de mais de 100 chefes de estado, o evento deste ano nem de longe terá a importância do que foi 20 anos atrás. Na ocasião, vivíamos em um mundo onde o terceiro setor ganhava força, um mundo recém-informado a respeito do Relatório de Brundtland e do conceito de desenvolvimento sustentável. Um mundo que ainda não convivia com as mudanças climáticas, mas temia-as.
A bem da verdade é que não tenho muitas esperanças a respeito da Rio+20. A bem da verdade, ainda não entendi o seu real motivo. Não fizemos o dever de casa nesse tempo e não sei se há intenção de se fazer daqui para frente. Ok, o que era apenas um temor, hoje é uma realidade que joga o custo de produção das empresas lá para cima, que joga pessoas cada vez mais para os centros urbanos sem estrutura para super populações.
Não sei se a maioria sabe, mas em 2002 aconteceu na África do Sul a chamada Rio+10, que tinha como objetivo discutir a redução da pobreza e proteção do meio ambiente. Não deu em nada. Não sei se a maioria sabe, mas a COP não começou em Copenhagen em 2009. Ela acontece desde 1995 e este ano estará na sua 18ª edição. Inclusive, não sei se sabem, mas foi em uma COP, a de 1997, que se estabeleceu o Protocolo de Kyoto, aquele mesmo que os EUA se recusaram a assinar.
Vinte anos se passaram, muitos encontros foram realizados, muitos acordos e tratados assinados, mas pouco, muito pouco foi feito. Vinte anos se passaram e ainda morre-se muito por doenças banais, desmata-se muito pelo lucro excessivo, explora-se muito a base da pirâmide. E agora ainda temos o peso de sete bilhões de pessoas nas costas.
Para quem não sabe, a matriz energética brasileira está ficando cada vez mais suja. A qualidade de vida nas grandes cidades está piorando com o passar dos anos. No Brasil, a passividade da sociedade e do setor público beneficiam empresas que agem de má fé. Alguém se lembra que em 2010 a CSN foi multada por infrações ambientais umas três vezes seguidas? Pois é, a multa não foi e, acredito eu, nunca será paga.
E a CSA, que iniciou a operação sem licenciamento e estava deixando a população de Santa Cruz doente? Alguém se lembra dela ou a escola “doada” para comunidade deixou todo mundo bem de saúde novamente? E a Chevron, quanto vai pagar pelo derramamento de óleo, se é que vai pagar?
A questão é que muito se fala, muito se planeja, mas pouco, ou melhor, nada se faz. Ninguém, nenhum país, nenhuma empresa, quer abrir mão de “crescimento” em prol do desenvolvimento sustentável. E enquanto ficar esse jogo de empurra, onde quem tem de fazer é o outro, a única certeza que eu tenho é que se a Rio+20 vai servir para alguma comemoração, é o do fracasso do protocolo de Kyoto e dos Objetivos do Milênio.
Fonte: Um Olhar Sustentável sobre o Mundo Empresarial
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