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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ter sido empresário e hoje buscar recolocação é possível?

Um colega de fórum escreveu no LinkedIn certa vez que, tendo sido empresário durante vários anos na área de segurança patrimonial, e uma vez enviado currículo e participado de entrevistas, suspeitava que o fato de ter sido empresário estaria impedindo seu retorno ao mercado...
 
Será?
 
Vejamos:
 
A tendência de mercado fala justamente de funcionários polivalentes, versáteis, e muito valor se tem dado ao "intra-empreendedor": aquele funcionário subordinado que tem uma visão mais ampla do negócio (não limitada à sua expertise técnica) e que toma a iniciativa como se o negócio fosse realmente dele.
 
(Veja também: O mercado de trabalho por Waldez Ludwig)

O que talvez (e aqui enfatizo o "TALVEZ") ocorra, é o preconceito de que um empresário, habituado a administrar "do seu jeito", não consiga novamente encontrar seu ponto de equilíbrio dentro de uma equipe, desbalanceado-a ou, algumas vezes, até atravancando seu desempenho, por uma questão de falta de adaptação e até mesmo "ego".

Particularmente tive uma experiência bastante negativa, que me custou uma excelente oportunidade de carreira, envolvendo um ex-empresário na equipe que integrava e depois gerenciei. Meu antigo gestor fora então desligado, indiretamente, porque não conseguiu administrar esta situação enquanto desenvolvimentos e projetos de clientes atrasavam-se aos montes (esta pessoa era tecnicamente responsável pelos projetos) e mais tarde, alguns meses após ter assumido a posição, eu mesmo pedi para ser desligado pois não conseguia mais atenuar os efeitos deste funcionário, por vezes insubordinado, que jamais admitira ser gerenciado por pessoas mais jovens "sem a sua experiência de vida", burlando assim metodologias estabelecidas pelo grupo empresarial ao qual pertencíamos, além de negligenciar registros necessários para a manutenção da certificação do sistema da qualidade, "entre outras cositas" que não julgo correto comentar.

Meu exemplo é regra? Claro que não!
 
Conheço diversos auditores que são também donos de suas próprias consultorias e que certamente são mais flexíveis, mantendo uma postura profissional equilibrada durante sua atuação como auditores;
 
Porém, a quem conhece outros casos semelhantes e, mesmo aos amigos empreendedores que decidiram ou precisaram retornar ao mercado, cabe a reflexão:
 
Quem esteve a frente de seu próprio negócio, fazia seus próprios horários, tinha seus próprios métodos, tinha a autonomia para tomar decisões que afetavam todo o negócio, terá a mesma facilidade de se adaptar à cultura de uma nova empresa do que aquele funcionário que não teve o prazer e a responsabilidade de lidar com estas diferenças?

Cada um(a) guardará a resposta para si, ou poderá compartilhar através da seção "Comentários" logo abaixo. Fica aqui o convite!
 
Bem... Logicamente, a questão tem outro lado também: um "ex-empreendedor" pode ser visto como um "intra-empreendedor" melhorado!

Longe de mim "ensinar a missa ao vigário", mas em seus currículos e entrevistas, os "ex-empreendores" precisam enfatizar suas realizações, suas qualidades para tomada de decisões, sobretudo sob pressão, sua resiliência perante clientes e o próprio mercado, seu senso de responsabilidade sobre os funcionários e as famílias cujos empregos dependiam de sua boa liderança!

É certo, sobretudo hoje, quando o mercado carece de executivos treinados e preparados para assumir postos de alta gerência e diretoria (Veja aqui o post "
A sucessão de lideranças nas organizações"), que para estes casos, os empreendedores são as pessoas ideiais!

E nestes casos, o custo não é fator tão determinante, pois aqui as empresas estarão pagando pelo talento destes profissionais, já desenvolvido e amadurecido, características que eu e outros profissionais jovens e/ou pouco experientes perseguem ávidamente.

Muito boa sorte ao colega de fórum em sua empreitada, e fica um lembrete às empresas que muitas vezes procuram formar internamente pessoas super competentes, sem ter o capital humano para tal: às vezes seu fruto está amadurecido, esperando por uma oportunidade de ser colhido lá fora!
 
 
 
 
 

2 comentários:

  1. Sou um ex empresario que lutei com muita garra para salvar minha empresa das adversidades do mercado. Com pouco capital e credito muito limitado fui pego pela inadimplência e os altos impostos acabando por não conseguir empreender um novo avanço no mercado que atuava, tendo em vista que trabalhava no segmento de moveis e eletro- eletrônicos, atendendo a órgãos públicos que geraram inadimplência sem o menos constrangimento para os gestores e junto com a obrigação contratual da empresa continuar a fornecer sob pena de punições administrativas sem a contra partida de punição aos devedores na mesma ordem.Por fim fui obrigado a sair do mercado sem receber o que forneci por não ter conseguido saldar os imposto gerados pelas vendas que não recebi em tempo hábil. Experiência que me deixou mais cuidadoso e na escolha de clientes e na avaliação dos mesmos.

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    1. Obrigado Luiz por sua colaboração no tema; Após alguns anos desde a publicação deste tópico não só tenho sabido de colegas que passaram pelo mesmo ou situação parecida com a questão dos pesados tributos estaduais e federais, como eu também já tive problemas relacionados quanto à inadimplência de clientes. Empreender no Brasil é um desafio diário, e realmente é necessário balancear viabilidade econômica e realização pessoal para persistir neste belo, porém difícil caminho. Um grande abraço!

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