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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Como se unir para financiar um projeto - Isso é crowdfunding



Que bons projetos precisam de dinheiro para serem realizados, isso é fato! Porém, a Internet possibilita atualmente um tipo de financiamento que foge ao modelo tradicional (que é burocrático). Esse modelo é chamado de crowdfunding, mas o que é isso?

Segundo o crowdfundingbr, "de forma bem simples, é o termo para usar quando a gente fala de iniciativas de financiamento colaborativas. Traduzindo para o português seria algo como "financiamento pela multidão". A ideia é que várias pessoas contribuam, com pequenas quantias, de maneira colaborativa, a viabilizar uma ideia, um negócio, um projeto."

A partir deste pressuposto, surgiram vários sites ao redor do mundo, com a finalidade de facilitar e intermediar este financiamento. É importante ressaltar que eles adotam o sistema de tudo ou nada, ou seja, caso o projeto não alcance uma quota pré-definida de contribuições todo o dinheiro é devolvido aos doadores. No Brasil há vários sites especializados em crowdfunding; iremos falar aqui sobre alguns deles.


O que é: Plataforma colaborativa que permite o envio e financiamento dos mais variados tipos de projetos, com mais de cem mil usuários.
Aberto a todo tipo de público? Sim.
Para entendermos um pouco mais sobre esse universo do crowdfunding e também sobre o site, conversei com Diego Reeberg, um dos sócio-fundadores da Catarse.

Como surgiu a ideia e por que o nome Catarse?
Diego: "A ideia surgiu na verdade quando eu e os outros sócios conhecemos esse modelo de negócio, de financiamento colaborativo, que estava começando a surgir em outros países, (...) e a gente achou que esse modelo se encaixava muito bem na realidade brasileira: onde tem muitas pessoas com bons projetos, que muitas vezes só não podem acontecer porque falta um pouco de grana para tirarem estas idéias do papel (...). Então foi isso que motivou a gente. Conhecemos a iniciativa e a utilizamos no Brasil (...)."
O nome Catarse, pelo menos no cenário artístico, é uma palavra que 'vem lá' de Aristóteles, que era um processo de descarga emocional, geralmente depois que algo ruim ter acontecido. Então fazendo um paralelo: (...) Os projetos passam por uma catarse, depois de ter aquele desafio de ser financiado, de ter ficado 'preso' por algum outro motivo e através do site 'poder' se libertar."

Qualquer pessoa pode submeter um projeto? E se sim, como formatá-lo?
Diego: "Qualquer pessoa pode escrever: pessoa física e pessoa jurídica. Tem um passo a passo no 'envie o seu projeto' no site. Um guia para a pessoa baixar e entender como funciona a ferramenta. (...) A gente tem um processo de curadoria que é mais para sentir se a pessoa está realmente preparada. Se ela quer captar determinada quantia, tipo 50 ou 100 mil reais, um valor maior, ela precisa ter uma rede de pessoas interessadas no projeto dela; não é só colocar ali que vai chover apoiadores. Então a nossa curadoria hoje é mais para dar uma lapidada nos projetos, para eles ficarem melhores, e verem se não tem alguma coisa absurda sendo proposta. "

O que acontece quando o valor do projeto é alcançado ou superado?
Diego: "De qualquer forma, independente do realizador, (ele) vai receber o dinheiro descontadas as taxas da Catarse e do meio de pagamento, e a gente repassa ao final do processo de captação. Se o projeto não é financiado com sucesso, a primeira etapa é as pessoas receberem o dinheiro de volta no site para escolherem outro projeto para elas apoiarem. (Caso elas não desejem apoiar um novo projeto) estas recebem seu dinheiro de volta integralmente."

Além do prazer de ajudar um bom projeto a ser executado, as pessoas que apoiam o projeto ganham algo mais?
Diego: "Todo o projeto tem que ter recompensas. As recompensas são em geral produtos ou serviços, que de alguma forma estão relacionadas à pessoa por trás do projeto. Por exemplo, se o projeto for gravar um CD de uma banda, recompensa pode ser desde ganhar o CD, talvez ter o CD autografado, poder cantar com a banda em um show. Variam os serviços e experiências de acordo as faixas de valores (contribuídos)."

Existe uma área de projetos bem sucedidos no site. Como vocês averiguam se o projeto foi realmente executado?
Diego: "A gente na verdade não faz este acompanhamento, primeiro porque ficou inviável para nós devido à quantidade de projetos, e por termos uma equipe super pequena, acompanhar firmemente todos eles (...)."

Qual foi o projeto mais absurdo que já foi proposto?
Diego: "Uma pessoa mandou uma proposta que ele queria comprar o Yahoo! por não sei quantos bilhões de dólares. Era uma coisa nada a ver. Às vezes as pessoas não entendem o propósito do site e querem captar dinheiro para cirurgia, coisas do tipo, que não tem a ver com o (...) site, coisas pessoais."


O que é: A Benfeitoria é uma iniciativa voltada para o financiamento coletivo de idéias transformadoras e/ou de impacto, sem a cobrança de comissão.
Aberto a todo tipo de público? Sim.
Para entendermos mais sobre a Benfeitoria conversei com Dorly Neto, um dos responsáveis pelo site.

Qual foi a maior dificuldade encontrada em um projeto de crowdfunding?
Dorly:

"A maior dificuldade de todas, que nós também vimos como uma oportunidade é de perceber que as pessoas não entendiam a dinâmica colaborativa, que não se compreendia que com R$ 10,00, R$ 20,00, R$ 30,00, R$ 50,00, que elas têm, junto com um monte de outras pessoas, (pode-se) ajudar a realizar um projeto (...)."


Como é realizada a triagem dos projetos?
Dorly: "A Benfeitoria tem o foco em projetos transformadores, projetos que de alguma forma gerem impactos positivos e, sempre que alguém submete um projeto para a gente, nós conversamos com a pessoa (...), ela explica melhor, ela mostra para a gente como ela vai realizar o projeto, a partir daí ela começa a campanha. Mas de alguma forma o projeto tem que gerar um impacto positivo, porque esse é o nosso foco de projetos que entram na plataforma."

Qual o projeto mais estranho já enviado para vocês?
Dorly: "Teve um projeto que até não era estranho, mas ele queria realizar uma coisa que era improvável através de crowdfunding. Tinha uma pessoa que fazia uma pesquisa científica que ele queria realizar o primeiro voo brasileiro de forma particular para a lua, e queria viabilizar isso de forma colaborativa, só o valor era muito alto, eram quase 20 milhões de reais em arrecadação e, em nenhum lugar do mundo isso aconteceu ainda (...), nós explicamos para a pessoa e esta entendeu."

Como o crowdfunding é recente no Brasil, há certa resistência do brasileiro se é seguro ou não, se o dinheiro vai ser usado realmente para o projeto. Como vocês fazem para, além de alcançar as pessoas, passar para elas a segurança que o dinheiro arrecadado será aplicado realmente no projeto?
Dorly: "Não há uma garantia além da garantia legal. A pessoa que faz um projeto com a gente ela assina um termo de compromisso de que ela vai entregar as recompensas e utilizar o dinheiro para viabilizar o projeto (...). Existe outra forma de garantir a realização que é a reputação da pessoa que faz o projeto, porque existem pesquisas que comprovam que 80% da rede colaborando no projeto são de familiares e amigos de familiares de quem o faz, ou seja, são pessoas próximas a ele. Arrecadar e não realizar o projeto é um problema muito grave para a pessoa, para a própria reputação dele, para tudo o que ele for fazer para o resto da vida (...)."

Caso alguém tenha uma boa ideia como ela deve submeter à Benfeitoria?
Dorly : "Quando a pessoa entra no site benfeitoria.com logo na parte de cima (...) tem botão 'envie o seu', quando ela clica, vai para um formulário que tem perguntas básicas como: quem é a pessoa, contar um pouco sobre o projeto, se ela já pensou nas recompensas, como divulgar, o que gera de impacto positivo. (...) Se a pessoa tem um projeto, mesmo que ele esteja formatado ou não, pedimos que a pessoa envie para a gente que iremos ler e avaliar se o projeto dela é bom para crowdfunding ou não (...)."


O que é: o Bicharia é um site de crowdfunding com foco em auxilio a animais carentes.
Para nos aprofundarmos na proposta do Bicharia conversei com Flávio Castro, um dos responsáveis pela iniciativa.

Como vocês realizam o projeto de filtragem do processo de financiamento?
Flávio: "A gente tem uma espécie de curadoria aqui dentro que a gente se baseia em critérios que definimos que são os três principais:
Precisam ser projetos de longo prazo (...) queremos projetos que atuem na questão de resolver o problema: por exemplo, um projeto para aumentar o número de adoções, para ajudar a reduzir a quantidade de animais de rua, coisas deste tipo.
Um projeto factível, algo que realmente possa ser aplicado, pois muitas vezes as pessoas mandam projetos que não têm a menor chance de serem feitos, por exemplo: "eu quero um projeto para criar um abrigo para quatrocentos animais", esse um projeto que não tem como fazer, vai requerer uns cem mil reais. Não tem como fazer.
E por fim a gente avalia a capacidade da pessoa de mobilizar o público, a rede de contatos, porque tentamos, por diversas vezes, abrir exceções para pessoas que não têm uma rede de contatos muito grande, que acha que só pela ideia conseguirá ter o seu projeto financiado e percebemos que isso não acontece, infelizmente (...)."

O Bicharia é voltado apenas para projetos que envolvem animais carentes. Há um acompanhamento pós-financiamento?

Flávio: "Na verdade, nós não temos um acompanhamento muito próximo, porque muitas vezes as pessoas imaginam que nós estaremos fiscalizando. Finalizado o processo, o projeto passou pela aprovação e atingiu mais de 50%, este poderá receber a verba. A gente vai enviar o dinheiro para a pessoa e esta tem determinado tempo, normalmente ela nos avisa: "mês que vem eu vou começar o projeto" ou "daqui duas semanas vou começar o projeto"; a gente combina isso com a pessoa e, depois de um tempo, fazemos uma entrevista ela, por telefone, para colocar no blog que o projeto tal executou 'tais e tais' atividades. Pode acontecer, de repente, a pessoa pode fingir que fez e usou o dinheiro para outros fins e isso a gente quer expor no blog: Se a pessoa pegou aquele dinheiro e falou que ia ajudar dez cachorrinhos, mas pegou o dinheiro e foi viajar, a gente vai expor que 'olha aconteceu isso', então essa pessoa nunca mais irá conseguir pegar outro projeto. (...)."


Como uma pessoa, tendo uma ideia bacana, deve formatar para submeter para vocês?

Flávio: "No nosso caso a gente tem lá no rodapé do nosso site um 'post-it' dizendo que a pessoa pode baixar ali o manual projeto ou entrar em contato. Nós temos a seção 'envie o seu projeto' ela vai contar rapidamente o que vai fazer, o valor que quer utilizar e a gente vai conversando sempre por e-mail."


Outros sites de crowdfunding:



O que é: Plataforma de financiamento colaborativo com foco na América Latina e com versão em Português-BR.

Possui sistema de recompensas? Sim, todo o projeto submetido prevê recompensas para os apoiadores.
Aberto a todo tipo de público? Sim.
É possível realizar doações para projetos de outros países utilizando um cartão de crédito internacional.

O que é: Plataforma com foco em entretenimento.
Possui sistema de recompensas? Sim, através do ingresso reembolsável, que permite que os primeiros entusiastas assistam ao show gratuitamente.
Aberto a todo tipo de público? Sim, porém os shows acontecem principalmente no Rio de Janeiro. Já foram executados projetos também em: Belo HorizonteSão Paulo e Porto Alegre.

O que é: Crowdfunding voltado para o "apoio de ideias e projetos".
Possui sistema de recompensas? Sim, sendo esta de valor inferior ou igual ao valor doado.
Aberto a todo tipo de público? Sim, mas suas prioridades são ONGs, terceiro setor e eventos.

Fontes:




Publicado originalmente em: Yahoo! Finanças
Acessado em 02/01/2013 - 12:10, Horário de Brasília



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