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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

"Não venham pedir revisão das Normas. Não na minha frente"

Em 4 de fevereiro de 2013, em ComportamentoSegurança no Trabalho, por Giovana


Esta semana um texto me chamou muita atenção. Em meio a tantas especulações a cerca da falta de segurança na boate Kiss, encontro esta reflexão indignada do arquiteto sobre a tragédia em Santa Maria. Vale a pena pensar sobre isso…
(Por Rodrigo Klassmann Daudt)

Quando assisto uma cobertura de um desastre aéreo, fico lá, prestando atenção em toda aquela informação e sempre me pergunto, na condição de leigo, até que ponto as pessoas que ali estão, ao vivo, dominam o assunto sobre o qual debatem… O especialista normalmente domina. Só ele. E daí decorre debates que ao invés de informar, mais atrapalham do que ajudam.

Bom, agora é diferente… Saio da condição de leigo. E imagino que caiba a mim e aos meus colegas arquitetos e engenheiros, informar corretamente os que agora continuam na condição de leigo.


Aí está ela: NBR 9077. Absolutamente criteriosa. Complexa. Não vou usar o termo “de primeiro mundo”. Sei que ela está entre as mais seguras em vigor no planeta.

Portanto, que se diga tudo nesta hora, menos que a legislação brasileira é ineficiente. Não digam que as normas precisam ser revistas. Chega de bobagens. Chega de por a culpa nos papéis. Os papéis estão aí e, neste caso, são praticamente motivo de orgulho.
Escutei hoje pela manhã a uma vergonhosa entrevista do prefeito de Santa Maria. Esquivou-se de qualquer responsabilidade. Sugeriu revisão das normas. O que é isso? Uma norma mais rígida que a 9077 eu não consigo imaginar… Aplicamos a 9077 diariamente a tudo que é projetado neste país e lhes digo: ela não está aí pra brincadeira não. Ela é perfeita? Claro que não, mas não venham pedir revisão das normas. Não na minha frente.
Sabe o que matou estes 300 e tantos jovens? O jeitinho brasileiro. A malandragem. A ginga. O jeito maneiro… A saída que é mostrada na vistoria dos bombeiros e lacrada no dia seguinte. A informação de capacidades de lotação muito inferior à praticada. A influência política nos licenciamentos. Sim, donos de casa noturna são normalmente empresários bem sucedidos… Sempre dá-se um jeito para alguém influente. Sempre se alivia… Pois como se diz por aqui: não vai dar nada… Agora deu. E vai dar de novo, pois a Kiss não era exceção.
Portanto, diante da tragédia, só tenho uma contribuição: não culpem a NBR 9077. Culpem os brasileiros em geral. Principalmente os malandros. Principalmente aqueles hipócritas, que agora pedem a plenos pulmões que as leis sejam cumpridas, enquanto desfilam em seus carros falando ao celular…”

Rodrigo Klassmann Daudt facebook.com/rkdaudt | Arquiteto gaúcho. No seu perfil do Facebook, 29/01/2013

Publicado originalmente em: Qualidade Simples
Acessado em: 12/02/2013; 12:55 - Horário de Brasília



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