Pesquisar este blog

sábado, 11 de fevereiro de 2012

SGQ ou um Elefante Branco?




Sistemas de Gestão da Qualidade complexos, excesso de documentação, padrões desnecessários, burocracia e um sentimento permanente de "carregar uma cruz" unânime em todos da organização. Tudo isso "justificado" pelo tal Sistema de Gestão da Qualidade, muitas vezes um monstro desconhecido pela maioria dos mortais que  pode levar sua empresa para um abismo de ineficiência sem volta.

Há muito tempo gostaria de tratar sobre o dimensionamento do Sistema de Gestão da Qualidade, sobretudo àquele aplicado em pequenas e médias empresas que precisam de algo prático e eficaz para impulsioná-las na luta diária contra as grandes empresas da economia. Acompanho há alguns anos, testemunhos sinceros de colaboradores e empresários que simplesmente não conseguiram obter qualquer vantagem com a implementação de normas de gestão da qualidade, pelo contrário, muitos reclamam que após a implantação o trabalho dobrou e constantemente eles se veem cercados por "atividades documentais" sem sentido e devoradoras de tempo.

Existem diversas causas relacionadas ao problema citado acima, entre elas estão:
  • Falta de experiência do pessoal responsável pela implantação do sistema da qualidade;
  • Profissionalismo duvidoso de consultores que apresentam "receitas prontas" para obtenção da certificação, sem uma análise cuidadosa das necessidades da empresa contratante;
  • Excesso de controle por parte dos responsáveis pelo Sistema de Gestão da Qualidade, muitas vezes justificado erroneamente pela norma e seus requisitos;
  • Criação excessiva de padrões, muitas vezes criados sem uma análise cuidadosa dos processos e suas falhas. Já perdi a conta de quantas vezes vi documentos que padronizavam até mesmo o retrabalho e o excesso de inspeção.
Existem outros problemas, mas gostaria de dar mais espaço para as boas práticas que uma pequena e média empresa (grande também!) pode adotar para deixar sua gestão da qualidade mais leve, eficaz e interessante.

Aproveite a multifuncionalidade: Empresas menores possuem um nível muito maior de multifuncionalidade em suas funções do que empresas maiores, ou seja, a pessoa que ocupa cada cargo tem uma visão mais abrangente dos demais processos e consegue dimensionar melhor o impacto ou necessidade de um novo padrão ou a implantação de uma nova atividade.

Diminua seus padrões documentados: Embora não exista uma regra, é comum que grandes empresas possuam diversos padrões, pois cada processo é desempenhado por muitas pessoas com experiências e conhecimentos distintos, mas essa não é a realidade das pequenas empresas, muitas vezes com atividades desempenhadas por uma ou duas pessoas, quase sempre treinadas no trabalho do dia-a-dia (On the job). Considere que a probabilidade de uma tarefa ser executada fora do padrão aqui é muito menor do que em uma grande empresa, por isso, simplifique e até exclua padrões documentados desnecessários para a sua empresa.

Use a tecnologia: Com essa onda de Cloud Computing (Computação em nuvem) muitos softwares de gestão ficaram baratos e acessíveis para empresas menores, por isso explore essa oportunidade e aproveite todos os benefícios e automatização que essas ferramentas podem dar ao seu sistema de gestão. Aqui na Q2, nós usamos o Zoho (gratuito até três usuários), mas existem outros como o Salesforce que são muito bons e não pesam tanto no bolso. Use a tecnologia e não fique mais refém de planilhas e formulários que mais atrapalham do que ajudam.

Seja criativo: É incrível, mas mesmo sem querer, a normalização causou um engessamento da criatividade em diversas empresas. Ainda desenhamos sistemas de gestão da qualidade como fazíamos há 10 anos, com os mesmos métodos, as mesmas ferramentas e da mesma forma. Por favor, peço uma coisa para você que atua na qualidade (ou qualquer outra área) - PENSE DIFERENTE (Think Different), pois a norma é apenas um meio e precisa se ajustar à criatividade e processo de inovação aplicáveis e vitais à gestão de cada empresa.

Outras alternativas? Sem dúvida! E você com certeza vai descobri-las se estiver atento as reações que cada pessoa expressa com relação ao sistema da qualidade. Muitas vezes elas não falam, mas acham que tudo poderia ser diferente, entretanto, por desconhecerem a própria norma, deixam essas sugestões de lado, pois afinal a cultura da "norma não deixa" é dominante e impositiva.

Já ouviu falar em Emergia?

EMERGIA – o início da sua contabilidade socioambiental

Pois bem, segundo Ortega (2003), “Emergia é a energia gasta pela Biosfera (conjunto de todos os ecossistemas para nomear partes da estrutura interna da Terra, tais comolitosfera (sólidos), atmosfera (gases) e hidrosfera (águas))para produzir recursos. Esta energia pode ser externa ou interna, renovável ou não renovável”. Em outras palavras, trata-se da energia incorporada a um recurso durante o seu processo de criação. De acordo com Odum (2000), para representar produtos e serviços considerando aspectos econômicos e ambientais eficientemente, é necessário transformar todos os fatores em uma unidade comum, denominada energia solar equivalente, ou emergia ou então, contabilidade socioambiental.
O primeiro passo para a realização da análise emergética consiste na representação gráfica do sistema de produção, uso e reciclagem de materiais. O segundo passo, consiste desmembrar  cada etapa do processo e quantificá-lo considerando recursos, energia, trabalho entre outros. Após estas etapas, a contabilidade ambiental é realizada, seguida pela avaliação de sustentabilidade com base nos indicadores encontrados.
Sabemos que o meio ambiente é simultaneamente fonte de materiais, energia, água e outros recursos, e recebe em contrapartida resíduos dos sistemas produtivos sob diversas formas. Portanto, ao mesmo tempo que fornece recursos, o meio ambiente também realiza trabalho para os  sistemas produtivos, por exemplo, a reciclagem e a reabsorção destes resíduos. Por este motivo, é fundamental que os indicadores de sustentabilidade considerem as relações entre o meio ambiente e a dinâmica industrial, seus produtos, subprodutos, valores, força de trabalho, valor agregado, dentre outros fatores. 
A análise dessas relações permite a contabilidade não somente da performance socioambiental (meio ambiente e pessoas) de um determinado sistema, mas também da competitividade do sistema estudado.
O reaproveitamento dos resíduos industriais é uma das formas que as empresas vêm utilizando para se adequarem às novas demandas ambientais da sociedade. Sua adoção é atraente aos empresários, uma vez que pode resultar em redução de custos e, até mesmo, melhorias nos processos.

A BIOTERA apresenta o MSR – Manejo Sustentável dos Resíduos, que  atende a PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos e as suas necessidades e premissas de negócios e integra a PNMC - Política Nacional de Mudanças Climáticas, convergendo no setor de resíduos.
Bons Negócios.

Você acredita que um acidente ocorra por causa de uma FATALIDADE?...



...Lembrando que fatalidade é, segundo o dicionário, "destino inevitável, conseqüência inarredável..."

Anderson Glauco Benite, em sua dissertação "Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho para empresas construtoras." registra as teorias inicialmente observadas  por Frank E. Bird Jr. (1921 - 2007) na Inglaterra relativo à segurança no trabalho , em pesquisas apoiadas por estudos estatísticos e reforçadas por Roger L. Brauer e outros que mostram aspectos relevantes e significativos para a segurança no trabalho.

Em suas pesquisas foi verificado, após a realização de investigações envolvendo 1.250.000 acidentes de trabalho em 300 empresas inglesas, que antes que ocorra um acidente uma série de eventos “avisam” que algo está por acontecer. Na verdade, ocorrem cerca de 640 avisos de alerta. Senão vejamos.

Nas pesquisas verificou-se que em dado um posto de trabalho onde ocorreu um acidente, já ocorreram outros 600 eventos que estes pesquisadores vieram a chamar de “quase-acidentes” (hoje conhecido em nosso país como incidentes de segurança). Na verdade, nestes “quase-acidentes” nada aconteceu. O quase-acidentado teria, por exemplo, quase escorregado. Ele não chegou a escorregar. Nada de grave ocorreu. O assunto fica por isto mesmo... ninguém faz nada. De fato, ninguém toma conhecimento do ocorrido. Só o quase-acidentado, que também “não dá bola” para o evento. Olha só! São 600 eventos assim! São 600 oportunidades para se evitar a propagação da onda!!!!

Quase sempre desperdiçávamos as 600 oportunidades para se evitar a propagação da onda, enquanto nada havia acontecido (nada era feito)!!!! Aí, a „coisa‟ se propagava. Mais alguns sinais de advertência são dados. Começam a acontecer pequenos acidentes, e até mesmo alguns maiores, com perdas materiais!! Com mais precisão, os estudos realizados mostram que tendem a ser outras 30 ocorrências. Mas, a partir das primeiras 600 oportunidades, estas novas 30 chances já repercutem em algumas perdas materiais. Naquele ponto, onde aquele sujeito havia quase escorregado, alguém agora escorregou mesmo. Ao escorregar rasgou a calça, ou quebrou os óculos, ou estragou o paquímetro, ou danificou uma outra parte de seu uniforme de trabalho. Não dá mais para não se tomar conhecimento do fato!! É necessária a reposição do dano causado (calça nova, óculos novo, reparo no paquímetro ou um novo, etc.). Mas, como resultado, o que muitas vezes ocorre é alguém dizer: - “Puxa, é a segunda vez que tenho que trocar calças rasgadas só nesta semana!!! Este pessoal precisa tomar mais cuidado!!! Sei lá o que está acontecendo! É muita falta de atenção!!!”

Se desperdiçávamos as oportunidades representadas pelos pequenos acidentes, e até mesmo alguns maiores, com perdas materiais, começavam a acontecer acidentes com pequenos danos físicos!!!! A „coisa‟ se propagava um pouco mais. Tomando de novo os dados das pesquisas, tendem a acontecer, naquele posto de trabalho, 10 pequenos acidentes com lesões leves (o que chamamos de acidentes sem perda de tempo – SPT). Aí o assunto vai ao conhecimento das comissão interna de prevenção de acidentes, incorpora-se a um gráfico de evolução de acidentes, compromete metas estabelecidas e, muitas vezes, só isto!


Desperdiçadas todas as oportunidades... agora só resta correr atrás do prejuízo (ou chorar). Foram dadas tantas oportunidades de se evitar este dano maior e não se tomou uma ação consistente... o dano maior ocorre – um acidente com lesões graves, algumas vezes permanentes, algumas outras vezes, fatais. E não é uma fatalidade, concorda? Pode ser uma tragédia, e muitas vezes o é, mas não é uma fatalidade! O negócio, portanto, é não desperdiçar as oportunidades ... no trabalho, em casa, no trânsito, ..., ... , ... na vida!!

E isto não é apenas uma teoria. Bird, Brauer e outros propuseram, e hoje em dia muitas empresas já incorporaram – até mesmo no Brasil –, o processo das reuniões relâmpago de segurança. Este processo simples se baseia na atitude diferenciada do quase acidentado que, ao sofrer um quase acidente, está treinado a reconhecê-lo como uma oportunidade. Como tal, uma oportunidade deve ser aproveitada. O quase acidentado discute com mais um ou dois colegas de trabalho, de forma imediata, para concluir se o fato realmente pode ser entendido como um quase acidente.

Esta discussão não requer mais do que dois ou três minutos. Concluindo-se pela ocorrência de um quase acidente, o assunto é levado para a administração, podendo ser, através da própria comissão interna de prevenção de acidentes, para abrir um processo de ação preventiva – por exemplo baseado nas 8 disciplinas:

1 - formar uma equipe

2 - descrever o problema potencial

3 - conter o problema

4 - identificar a causa raiz para o problema

5 - determinar as ações a serem tomadas avaliando-as

6 - aplicar as ações planejadas e validar o resultado obtido

7 - planejar ações anti-reincidências

8 - reconhecer o resultado do trabalho


**A Pirâmide de Bird








Uma pesquisa realizada pelo Engenheiro Norte Americano FRANK BIRD JÚNIOR, durante dez (10) anos, pesquisando 297 empresas, sobre um total de dez milhões de homens horas trabalhadas, constatou-se que: Na ocorrência de 600 incidentes, temos: 30 acidentes com danos a propriedade, 10 acidentes com lesões não incapacitantes e 01 acidente com lesão incapacitante.


CONCLUSÃO

Uma atuação em conjunto, onde cada funcionário, informando os problemas (incidentes), ao seu supervisor imediato, e este procurando junto aos órgãos responsáveis, a solução do problema, isto nos levará ao domínio da situação. Como se vê, estaremos trabalhando na base da PIRÂMIDE, eliminando as causas dos acidentes.


Fonte: trechos retirados da discussão "Você acredita que um acidente ocorra por causa de uma FATALIDADE? Lembrando que fatalidade é, segundo o dicionário, 'destino inevitável, conseqüência inarredável...'" do fórum do Linkedin: SUCESSO SUSTENTADO: Qualidade, Gestão de Riscos e Responsabilidade Social

*Adaptado do capítulo 1 do eBook "Qualidade! Heim? Como é que é?" do eng. Gustavo Adolpho Jorge Horta, M.Sc. - 3ª edição - Março de 2009